terça-feira, 22 de maio de 2012

A RELEVÂNCIA OU NÃO DO NOSSO CRISTIANISMO E DA NOSSA FÉ



Há umas perguntas que não querem calar, tais como: para o que serve a religião, para o que serva a fé, para o que serve o cristianismo?
Claro que não é possível tratar desta questão tão abrangente neste curto espaço, porém desejo abordar, ao menos, um aspecto de uma possível resposta a estas perguntas.
Não adiante tentarmos procurar respostas nas estrelas ou em outras atmosferas longe da gente. Há uma resposta nos dada e bem clara que vem da parte de Jesus, quando Ele diz, no Evangelho de Mateus: “Vocês são o sal da terra. Vocês são a luz do mundo!” (Mt. 5, 13.14).
O que significa isso? Qual era o intuito de Jesus ao dizer isso?
Por certo não se trata apenas de um desejo dele, ou de uma constatação ou de uma simples afirmação. Trata-se, sim, de uma missão, de uma tarefa. Trata-se, mais ainda, de um dever, de um imperativo. Quando Jesus diz “Vocês são sal e luz”, Ele diz o seguinte: “Ou vocês fazem a diferença ou não servem para nada!” Não é que o sal faz a diferença na comida? Não é que a luz faz a diferença na escuridão? Então, os que se dizem ser seguidores de Jesus, os que se dizem ser cristãos, têm por obrigação fazer a diferença em todos os aspectos da vida da sociedade. Porque religião, fé e cristianismo não são coisas que servem para existirem dentro das igrejas, mas existem exatamente e exclusivamente para, entre outros ambientes, a partir das igrejas, fazerem a diferença na sociedade.
Religião, fé, cristianismo e igrejas devem ter uma consciência profunda de sua tarefa dentro da sociedade. Não podem ficar olhando seu próprio umbigo, não tem valor em si mesmos e nem para si mesmos. Só valem se penetram na sociedade que nem o sal na comida e a luz no escuro.
Neste sábado, durante o III Colóquio Teológico, vamos refletir sobre a seguinte pergunta: “As Igrejas promovem a emancipação humana?” Ou seja, será que a partir das igrejas, a partir da fé, da religião, do cristianismo o ser humano cresce em todos os aspectos de sua vida? Será que a partir das igrejas e da fé das pessoas, que delas fazem parte, nascem pessoas que influenciam de fato a política, a economia, a vida social, jogam luzes sobre os problemas que a humanidade enfrenta? As Igrejas já suscitaram pessoas como Dom Helder Camara no meio de nós, Martin Luther King nos Estados Unidos, e aqui no Brasil a doutora Zilda Arns, que deu vida a tantas crianças através das ações da Pastoral da Criança, como também a teóloga feminista Ivone Gebara que pensa Deus, fé, religião e toda a vida a partir da mulher, e ainda a irmã Dorothy que deu a sua vida em favor de um projeto de sustentabilidade do uso do solo amazônico.
A fé em sua diversidade já nos deu homens como Gandhi na Índia, Dom Oscar Romero em San Salvador e Nelson Mandela na África.
Mas podemos e devemos nos perguntar: e hoje? Será que hoje a fé cutuca também a sociedade, será que hoje as igrejas também dão um gosto diferente à sociedade? Será que o cristianismo, hoje em dia, faz penetrar o Evangelho de Jesus na sociedade, na vida de cada dia das pessoas? Jesus diz: “Se o sal perde o gosto, com que poderemos salgá-lo? Não serve mais para nada; serve só para ser jogado fora e ser pisado pelos homens.” (Mt 5, 13). Ou seja: se a fé, o cristianismo, a religião, as igrejas não mexem com a mentalidade das pessoas, com as ações cotidianas, com o destino da nossa sociedade, então porque ter fé, ter religião, para o que ser cristão ou cristã, para o que servem as igrejas? Só para colocar a luz desta fé e deste cristianismo debaixo de belos encontros “entre nós”, debaixo das palmas avermelhadas de tanto bater, debaixo dos altares?
Em mais uma iniciativa do Movimento por uma Formação Cristã Libertadora vamos refletir sobre estas e outras questões. O encontro, com entrada franca, realizar-se-á neste sábado, a partir das 08:00 horas, com término previsto para meio dia no salão paroquial da Igreja do Otávio Bonfim no começo da Bezerra de Menezes!
Sintam-se convidados e convidadas para refletirmos em comunidade!

Fortaleza, 22-05-2012,
Geraldo Frencken

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