terça-feira, 29 de maio de 2012

"O Vaticano II é o elemento estruturante da teologia de João Batista Libânio".



Entrevista especial com José Oscar Beozzo


João Batista Libânio é o mais fecundo autor teológico brasileiro na produção de tratados que pudessem ajudar os estudantes a aprofundar os temas teológicos abordados em sala de aula, testemunha o teólogo e historiador da Igreja brasileira. Ao refletir sobre o legado e pensamento de João Batista Libânio, teólogo, jesuíta, autor de uma vasta obra teológica, que celebra, neste ano, 80 anos de vida, José Oscar Beozzo, especialista em história da Igreja, oferece, nesta entrevista, concedida por e-mail à IHU On-Line, um panorama da história da Igreja nos últimos 50 anos.
Para ele, a experiência do Concílio Vaticano II, seu debate teológico e eclesial, sua postura de diálogo e atenção ao mundo contemporâneo, sua opção ecumênica, permeiam toda a teologia de Libânio. E Beozzo diz mais: “o Vaticano II é elemento estruturante de sua teologia. Esta se enriqueceu depois com toda a perspectiva latino-americana que brotou da experiência das Igrejas no continente, de sua vida religiosa inserida e das grandes Conferências Gerais do episcopado latino-americano de Medellín aAparecida”. Segundo Beozzo, graças ao seu “incansável e disciplinado acompanhamento crítico da produção teológica brasileira, latino-americana e internacional, Libânio tornou-se mestre em preparar balanços abrangentes e penetrantes dos rumos da teologia contemporânea”.

José Oscar Beozzo é padre, teólogo e coordenador geral do Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular – Cesep. Tem mestrado em Sociologia da Religião, pela Université Catholique de Louvain, Bélgica, e doutorado em História Social, pela Universidade de São Paulo – USP. Faz parte do Centro de Estudos de História da Igreja na América Latina –CEHILA/Brasil, filiado à Comissão de Estudos de História da Igreja na América Latina e no Caribe – CEHILA. Também é sócio-fundador da Agência de Informação Frei Tito para a América Latina – Adital. É autor de inúmeros livros, entre os quais A Igreja do Brasil (Petrópolis: Vozes, 1993) e A Igreja do Brasil no Concílio Vaticano II: 1959-1965 (São Paulo: Paulinas, 2005).


Confira a entrevista


. IHU On-Line – Seu primeiro encontro com Libânio foi em Roma, nos anos do Concílio Vaticano II (1962-1965), quando ele era diretor de estudos do Pontifício Colégio Pio Brasileiro. O que marcou esse período, destacando a importância de Libânio como orientador dos estudantes brasileiros? Como o processo conciliar repercutia entre vocês?

José Oscar Beozzo – O Colégio Pio Brasileiro teve o privilégio de se tornar a residência do Cardeal Agostinho Bea, responsável pelo recém-criado Secretariado para a União dos Cristãos, o mais significativo organismo conciliar da fase preparatória do Concílio. O Secretariado representou a grande novidade para estabelecer o diálogo
com as outras Igrejas cristãs e implementar o propósito ecumênico de João XXIII para o Concílio. Poucas semanas depois de criado João XXIII pediu ao cardeal Bea que se ocupasse também do diálogo com o mundo judaico. O Cardeal reunia regularmente a direção e os estudantes do Pio Brasileiro para colocar-nos a par da preparação do Concílio e para informar as iniciativas e os passos concretos do Secretariado. Por vezes, convocava-nos para dar as boas-vindas a visitas ilustres, como o primaz da Igreja Anglicana, o arcebispo de Canterbury, o Dr. Fisher, que foi recebido por João XXIII e logo depois veio ao Pio Brasileiro para encontrar-se com o Cardeal Bea. Nós o acolhemos festivamente na entrada do Colégio contrastando com a recepção fria e quase anônima que lhe fora dispensada pela Cúria Romana. Padre Libânio chegou ao Pio Brasileiro, como jovem padre. Terminara sua teologia em Frankfurt na Alemanha e vinha substituir o Pe. Marcelo Azevedo, como repetidor dos estudantes de teologia. Para os estudantes de filosofia, o repetidor na época era o Pe. Luciano Mendes de Almeida, depois bispo auxiliar de São Paulo, por duas vezes secretário-geral da CNBB e, finalmente, seu presidente por outras duas vezes, já como arcebispo de Mariana-MG. Libânio no papel de repetidor
A função do repetidor era de orientar pessoalmente cada estudante nos seus estudos. Ajudavam-nos e muito ao darem um panorama geral de cada disciplina que iríamos estudar no semestre seguinte. Apontavam as principais questões envolvidas, o debate existente e a posição das diferentes escolas de teologia. Dentro da vasta bibliografia de cada professor, indicavam os livros e artigos mais relevantes. Poupavam-nos, assim, perda de tempo e leituras que pouco acrescentavam.
Tarefa difícil para Libânio foi substituir naquela função o Pe. Marcelo Azevedo, por conta de sua competência e o brilho. Libânio desempenhou muito bem e com igual brilhantismo o papel de repetidor. Sob certo ponto de vista, foi até melhor repetidor, pois não despertava aquele respeito reverencial que nos mantinha um pouco distantes do Pe.Marcelo.
Aberto o Concílio a 11 de outubro de 1962, o Pio Brasileiro envolveu-se intensamente no seu desenrolar, não apenas pela presença do Cardeal Bea na casa, pelo contato com muitos de nossos professores da Gregoriana que eram peritos conciliares e consultores das comissões, mas por três outras felizes circunstâncias.
Bem depressa, estabeleceu-se um intercâmbio diuturno entre os bispos brasileiros hospedados na casa da Ação Católica Feminina italiana, a Domus Mariae, situada no número 481 da Via Aurelia e os alunos do Pio Brasileiro, moradores da mesma rua, um pouco mais adiante no número 527, que ficava na mesma calçada. O desenrolar do Concílio
Os contatos informais dos bispos com seus seminaristas foram logo enriquecidos por duas outras iniciativas: aos domingos os bispos de um determinado regional da CNBB vinham de manhã falar aos estudantes sobre a Igreja do Brasil, cobrindo assim realidades tão diferentes como a dos pampas gaúchos, a da floresta amazônica ou dos sertões nordestinos. Tivemos assim a ocasião de conhecer não apenas quase todos os bispos, mas a situação específica da Igreja em cada região do país. Uma segunda iniciativa que se consolidou foi a da vinda de um bispo para
almoçar conosco a cada dia e partilhar, logo depois, no horário de recreio, o que havia acontecido pela manhã na aula conciliar: os temas discutidos, as intervenções mais importantes, sua impressão pessoal. Além dos boletins de imprensa diários em língua italiana e portuguesa, lidos no refeitório, podíamos conferir, assim, com participantes e testemunhas oculares suas impressões, comentários, aclarações acerca do desenrolar do Concílio. As conferências da Domus Mariae
Mais instrutivas ainda do ponto de vista teológico, eram as conferências da Domus Mariae que os teólogos mais em vista do Concílio vinham proferir de noite para os bispos brasileiros e que, nós, estudantes, íamos furtivamente assistir dos balcões do segundo andar do grande salão de eventos da casa. Ali, pudemos ouvir todos os grandes teólogos do concílio, de Karl Rahner SJ a Henri de Lubac SJ, de Yves Congar OP a Hans Küng, de Edward Schillebeeckx OP, a Bernard Haring CSSR, Joseph Ratzinger, Lebret, OP; bispos como Sergio Mendes Arceo, de Cuernava no México, Alfred Ancel, de Lyon na França, Mons. Bogarín, do Paraguai, ou os Cardeais Leo Suenens,Agostinho Bea, Giacomo Lercaro, Joseph Cardijn ou ainda teólogos protestantes como o professor Oscar Cullman e os monges de Taizé, Max Thurian e Roger Schutz ou ainda membros ou especialistas das Igrejas Orientais: Andrej Scrima, teólogo do Patriarca Ecumênico de Constantinopla, Athenagoras, Mons. Neophytos Edelby da Igreja Melquita e Frei Christophe René Dumont OP do Centro Istina de Paris. Não faltaram leigos e leigas, auditores do Concílio, entre os quais, Vitorino Veronezzi, o casal mexicano do Movimento Familiar Cristão, José e Luz Alvarez Icaza, o escritor, membro da Academia Francesa de Letras, Jean Guitton e a presidente do Movimento Feminino Internacional dos Meios Independentes, Marie Louise Monnet.

IHU On-Line – O que significou o Concílio Vaticano II na trajetória do pensamento e da teologia de Libânio?
José Oscar Beozzo – A experiência do Vaticano II, seu debate teológico e eclesial, sua postura de diálogo e atenção ao mundo contemporâneo, sua opção ecumênica, permeiam toda a teologia do Libânio. Diria mais, o Vaticano II é elemento estruturante de sua teologia. Esta se enriqueceu depois com toda a perspectiva latino-americana que brotou da experiência das Igrejas no continente, de sua vida religiosa inserida e das grandes Conferências Gerais do Episcopado latino-americano de Medellín a Aparecida.

 IHU On-Line – Depois de um período na Europa, Libânio retornou ao Brasil em 1969. Como a realidade brasileira e latino-americana impactou na construção do pensamento de Libânio?


José Oscar Beozzo – Retornando ao Brasil, Libânio mergulhou na realidade brasileira e também latino-americana. Do ponto de vista pastoral, continua marcante sua inserção numa comunidade de periferia de Belo Horizonte e sua parceria com o falecido Pe. Alberto Antoniazzi na assessoria teológica e pastoral do projeto “Construir a Esperança” que alicerçou o empenho missionário evangelizador para a realidade urbana da região metropolitana Belo Horizonte.
Sua participação na equipe de reflexão teológica da Conferência dos Religiosos do Brasil - CRB tornou-o parceiro na busca do necessário suporte teológico para as opções pastorais e os desafios da vida religiosa no pós-Vaticano II e na trilha das opções de Medellín e Puebla. Graças ao seu incansável e disciplinado acompanhamento crítico da produção teológica brasileira, latino-americana e internacional, Libânio tornou-se mestre em preparar balanços abrangentes e penetrantes dos rumos da teologia contemporânea. Sobre a CRB deixou-nos um longo estudo,A reflexão teológica sobre a Vida Consagrada – Período de 1980-2000, publicado por Edênio Valle no Memória Histórica. As lições de uma caminhada de 50 anos: CRB – 1954 a 2004 (Rio de Janeiro: CRB, 2004).
Libânio fez parte da equipe de reflexão teológica da Conferência Latino-Americana dos Religiosos - CLARenvolvendo-se em todos os grandes debates pastorais e teológicos da Igreja na América Latina e no Caribe. Quando do Congresso da CLAR, em 2009, foi dado por Libânio um balanço da contribuição teológica da vida religiosa no continente: Vida Consagrada e teologia latino-americana. Saiu publicado no livro de memórias do encontro: Aportes de la Vida Religiosa a la Teología Latinoamericana y del Caribe. Hacia el futuro.
Libânio participou ativamente da grande empreitada de se repensar aqui na América Latina, toda a teologia à luz da libertação e escreveu em parceria com Maria Clara Bingemer, uma de suas discípulas diletas, um dos livros da Coleção Teologia e Libertação, sobre o tema da escatologia cristã.

 IHU On-Line – De modo geral, qual a contribuição de Libânio para a caminhada das Comunidades Eclesiais de Base?


José Oscar Beozzo – Junto com um grupo de teólogos, teólogas, biblistas, Libânio acompanhou desde o início (1975) os Encontros Intereclesiais das CEBs. Bem depressa assumiu a tarefa de coordenar a contribuição dos teólogos/as antes, durante e depois dos intereclesiais. Cumpria a tarefa com maestria, distribuindo-os pelos diferentes grupos e plenários para prestarem assessoria caso fossem solicitados, mas também para acompanhar como cronistas cada aspecto do encontro. Incumbia-se ainda da tarefa de provocar a cada um, cada uma, para que, terminado o encontro e dentro de prazos curtos, escrevesse um artigo mais pensado sobre determinados aspectos do intereclesial: suas celebrações, suas reflexões temáticas, seus conflitos, a prática pastoral e a reflexão teológica que emergiam dos relatos. Isso permitiu que de cada intereclesial, as CEBs e a Igreja do Brasil pudessem contar com um volume temático da REB ou da Vida Pastoral ou mesmo de livros que recolheram essas contribuições. Inestimável essa contribuição para que não se perdesse nem a riqueza humana e eclesial destes eventos, mas que seguissem ajudando a iluminar e alimentar a caminhada das CEBs.

 IHU On-Line – A partir do pensamento e da prática de Libânio, o que deve continuar repercutindo na caminhada da Igreja?

José Oscar Beozzo – Em tempos de crise no campo da formação em geral, Libânio é um marco referencial pelo menos sob três aspectos:
— O cuidado e atenção que sempre dedicou ao processo de formação de leigos e leigos na Pastoral da Juventude eUniversitária, nas pastorais e nas CEBs.
— Seu empenho de toda uma vida na preparação teológica dos estudantes da Companhia de Jesus e de quantos buscavam uma educação teológica séria e aberta, leigos, leigas, ou candidatos à vida presbiteral e religiosa. Esse tirocínio iniciou-se no Pio Brasileiro e prosseguiu nos longos anos de docência no ISI (Instituto Santo Inácio, hoje Faculdade de Teologia do Centro de Estudos Superiores da Companhia de Jesus). A docência como vocação levouLibânio a ser o mais fecundo autor teológico brasileiro na produção de tratados que pudessem ajudar os estudantes a aprofundar os temas teológicos abordados em sala de aula.
— A preocupação de que a teologia não fosse um exercício abstrato, distante da realidade ou simplesmente acadêmico, voltado para o diálogo com os seus pares, mas que seu diálogo fosse com a vida das pessoas e a pastoral da Igreja.

 IHU On-Line – Gostaria de acrescentar algum aspecto que não foi perguntado?

José Oscar Beozzo – Gostaria de enfatizar o legado de Libânio como educador, na linha da maiêutica socrática, introduzindo as pessoas na arte da reflexão e do pensamento regrado, fundamentado e finalmente prático. Destaco duas de suas publicações nessa linha. No A arte de formar-se, Libânio deixa-se guiar pela pergunta: “qual é a arte de formar-se uma inteligência crítica, bem estruturada, em vez de um armazém entulhado de conhecimentos? Como aprender a pensar e a conhecer?”. Libânio aponta o que chama de os cinco pilares da formação: “aprender a conhecer e a pensar, aprender a fazer, aprender a conviver com os outros, aprender a ser e aprender a discernir a vontade de Deus”.
Nesse opúsculo, Libânio já anuncia uma obra mais alentada, na mesma direção, que saiu anos depois pela Loyola: Introdução à vida intelectual. Retoma de certo modo o ambicioso projeto do tomista Sertillanges, com o seu clássico A vida intelectual: espírito, condições, métodos . Acrescenta, entretanto, ao saber teórico do mestre dominicano, sugestões bem práticas, indicando “o caminho das pedras”, para o iniciante nesta difícil e fascinante aventura do conhecimento. Parte da intuição de fundo que não se estuda só com a inteligência: “É todo o ser humano que se compromete com as lides intelectuais” . Divide seu trabalho em duas partes, dedicando a primeira às atitudes fundamentais da vocação intelectual e a segunda a diversos aspectos da vida de estudo: da reunião de grupo, ao estudo de um tema; da produção de uma monografia aos muitos tipos de leitura e ao ensino acadêmico. Para cada um desses pontos, abundam as sugestões práticas de quem já passou por longo tirocínio e aprendizado, acumulando experiência e sabedoria que são partilhadas generosamente.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

A Igreja Católica na ditadura Argentina

 A Igreja Católica confirmou pela primeira vez perante a Justiça que, pelo menos desde 1978, sabia que a ditadura militar assassinava as pessoas detidas-desaparecidas, coisa que jamais tinha tornado pública, e que as suas máximas autoridades discutiram com o chefe supremo da ditadura a respeito de como administrar a informação sobre esses crimes. A admissão tardia produziu-se com o reconhecimento da autenticidade do documento publicado pelo Página/12 no dia 6 de maio último, sobre o diálogo secreto com o ditador Jorge Videla, de 10 de maio de 1978, depois de um almoço do qual participaram os três membros da Comissão Executiva que conduzia a instituição. Em que pese a gravidade das revelações, tanto o Episcopado como o Vaticano e a grande imprensa guardam um escandaloso silêncio a respeito.

A questão das listas
A judicialização do documento eclesiástico produziu-se no processo aberto para determinar o que aconteceu com os restos mortais de Roberto Santucho, a pedido de sua família, representada pelo advogado Pablo Llonto. Santucho foi abatido por um grupo do Exército em 19 de julho de 1976, e seu corpo exibido à imprensa no Campo de Maio, mas logo desapareceu sem explicações. Após a confissão de Videla a um jornalista espanhol e a outro argentino sobre os assassinatos dos detidos-desaparecidos, a juíza federal de San Martín, Martina Forns, responsável pela causa, citou o ex-ditador. Videla disse que ele tinha decidido ocultar o destino dos restos mortais de Santucho para evitar homenagens, mas que quem sabia o que se tinha feito com eles era o então chefe do Campo de Maio, general Santiago Riveros.

Trinta e cinco anos depois, o encobrimento continua. Quando o jornalista espanhol Ricardo Angoso o entrevistou na prisão que o Serviço Penitenciário Federal mantém no Campo de Maio, Videla disse que “minha relação com a Igreja Católica foi excelente, muito cordial, sincera e aberta”, porque “foi prudente”, não criou problemas nem seguiu “a tendência esquerdista e terceiro-mundista” de outros Episcopados. Condenava “alguns excessos”, mas “sem romper relações”. Com Primatesta até “chegamos a ser amigos”. 
(Horacio Verbitsky - Página/12,Tradução: Katarina Peixoto)

....AINDA SOBRE O III COLÓQUIO TEOLÓGICO




Logo após o  Colóquio, inúmeras pessoas vieram  elogiar:
A Organização , a estrutura montada.
Palestrantes bem preparados.
Acolhida calorosa na recepção .
A Entrada Franca do evento, chamou muita à atenção, devido a qualidade do mesmo.
Inclusive, veio uma pergunta, existe patrocinador?
Não! Não existe patrocinador. Somos nós como MOVIMENTO, que nos  disponibilizamos com o nosso tempo, finanças da parte de alguns, e muita solidariedade entre todos.
Pois acreditamos verdadeiramente que podemos contribuí  para a formação de um Cristianismo,  libertador.
Um dos convidados , comentou  que foi, através da net, que ficou conhecendo o evento e quando leu um texto em  nosso blog, chamou sua atenção as palavras de Geraldo Frencken, “Não adiante tentarmos procurar respostas nas estrelas ou em outras atmosferas longe da gente. Há uma resposta nos dada e bem clara que vem da parte de Jesus, quando Ele diz, no Evangelho de Mateus: “Vocês são o sal da terra. Vocês são a luz do mundo!” (Mt. 5, 13.14).o mesmo acrescentou, vou vê o que esta gente tem a nos oferecer.
A proposito da net, quero aqui agradecer toda divulgação que foi disponibilizada nas redes sociais. Ao Jean, Adriano Ribeiro e sobretudo a Ricardo Zuniga, que escreveu o seguinte texto na ADITAL.
 FCL
Movimento Formação Cristã Libertadora
Adital

Será realizado no sábado, 26 maio, no salão Paroquial Nossa Senhora das Dores (Otávio Bonfim), na Av. Bezerra de Meneses, Fortaleza, Ceará, o Colóquio Teológico ‘As Igrejas promovem a emancipação humana?’. Esse evento tem como dado singular o fato de ser organizado por um grupo de cristãos católicos preocupados pela Formação Cristã Libertadora.
Já é o terceiro a realizar-se em 2012. O primeiro foi sobre Jesus: "E vós, que dizeis quem sou?”. O tema do segundo Colóquio foi "Jesus pregou o reino, vieram as Igrejas”.
O Movimento por uma Formação Cristã Libertadora é uma expressão de um grupo predominante de leigos, inquietos por sua fé, pelo presente e pelo futuro da vivência comunitária da fé cristã. Pretende fazer uma reflexão, visando que cristãos inquietos e inseridos no mundo de hoje possam viver uma fé adulta.
Surge como uma expressão da Igreja ‘Povo de Deus’, em fidelidade ao espírito do Concílio Vaticano II e das Conferências Episcopais Latino-americanas que lhe deram continuidade, atendendo à necessidade de "dar razão de nossa fé”, a pessoas adultas e inseridas num mundo gradativa e parcialmente explicado pelas Ciências.



O cartaz de Colóquio apresenta grandes figuras de nossa época que mostraram (e mostram) os frutos de um compromisso ético prático com a vida e com as grandes causas; eles são Gandhi, Mandela, Ivone Gebara, Martin Luther King, Zilda Arns, Ir. Dorothy Stang, Dom Helder Camara e Dom Romero. Essas pessoas-signos marcam uma trilha, um roteiro para os cristãos inseridos em nosso mundo conflitante e, por isso, são também sinais para o Movimento de Formação Cristã Libertadora.
Organizar colóquios teológicos, sem ser uma instância oficial de qualquer igreja e sem ser faculdade de Teologia é um fato pouco comum; expressa a maturidade de cristã/ãos que levam a serio sua experiência de fé e desejam aprofundá-la.
Vale à pena participar nesse Colóquio e tentar conhecer sua caminhada.


terça-feira, 22 de maio de 2012

Nossa Solidariedade as Religiosas dos Estados Unidos


 Em solidariedade a estas religiosas, postamos  este texto 


OBRIGADO, IRMÃS!
Por James Martin, SJ
Contributing Editor of AMERICA Catholic Magazine
Essa semana, muito se falou sobre algumas religiosas católicas que apareceram com frequência nas notícias. Inclusive, é possível que vocês tenham lido que a Congregação para a Doutrina da Fé abriu o que se chama de "investigação doutrinal” à Conferência de Superioras Religiosas dos Estados Unidos. Qual o significado de tudo isso? Isso significa que o Vaticano está investigando a instituição que agrupa a maior parte das religiosas desse país, também conhecida como LCWR ou Leadership Conference of Women Religious.
Porém, aqui não se trata de falar do documento vaticano; dirigiremos nosso olhar a essas mulheres e à tarefa que elas vêm desenvolvendo nos Estados Unidos a partir do Concílio Vaticano II. É verdade que a "investigação doutrinal” do Vaticano entristeceu e decepcionou a muitas dessas religiosas. Muita gente, nos blogs e nos meios de comunicação, se perguntava: "qual é o problema?” Talvez desconhecessem que a "investigação doutrinal” do Vaticano é a continuação de uma longa inspeção apostólica em todas as ordens religiosas femininas em geral. Por isso, não é de se estranhar que as religiosas nos Estados Unidos sintam-se um pouco desmoralizadas ultimamente.
Outra coisa que, creio, é importante recordar e que algumas críticas dos que não veem essa organização de religiosas com bons olhos não levam em consideração que muitas dessas irmãs das que estamos falando, que agora andam pelos setenta ou oitenta anos de idade, ao ingressarem na vida religiosa, sabiam perfeitamente que iriam vestir hábito e que viveriam sua vida semienclaustradas em um convento, da maneira tradicional. E o que aconteceu?
Veio o Concílio Vaticano II. No início dos anos 60, a grande assembleia dos bispos católicos deu como frutos inúmeros documentos, como Perfectae caritatis [decreto sobre a vida religiosa]. Pouco depois, o Papa Paulo VI divulgou sua exortação Evangelii nuntiandi e outras cartas nas quais se dizia claramente às religiosas que deviam colocar-se em dia e reformar-se. E elas regressaram às fontes de seus documentos fundacionais, para ver o que realmente disseram os fundadores e fundadoras e aprofundaram-se buscando entender o que deveriam fazer. E perceberam que deveriam sair para o mundo e não permanecer semienclaustradas; deveriam vestir-se como se vestem habitualmente as mulheres de seu tempo.
E não devemos esquecer que essas mulheres tinham sido minuciosamente preparadas para viver semienclaustradas. O mais fácil para elas teria sido continuar seu modo tradicional de vida. No entanto, abraçaram as mudanças propostas pelo Concílio Vaticano II, apesar de que essa era a opção mais difícil para elas naquele tempo. Uma amiga religiosa me dizia ontem à noite: "levamos esses documentos muito a sério”. Portanto, creio que qualquer crítica a essas mulheres –também a do Vaticano- deveria começar reconhecendo que elas responderam fielmente ao que a Igreja lhes pedia.
E, todavia mais importante do que entender isso, é contemplar as próprias religiosas. Façamos isso. Olhemos algumas dessas mulheres da era do Concílio Vaticano II e vejamos o que foram capazes de tentar e o que chegaram a alcançar por fidelidade a Deus:
1) Para começar, pensemos em Mary Luke Tobin, das Irmãs de Loreto, a única mulher americana que foi convidada a participar no Concílio Vaticano II. Em seguida chegou a dirigir a LCWR. Toda sua vida lutou pela paz e pela justiça, até sua morte aos 98 anos. Uma mulher portentosa na história religiosa da América.
2) Há também pessoas a quem considero heroicas, como Ita Ford e Maura Clarke, da congregação das Irmãs de Maryknoll, ou a religiosa ursulina Dorothy Kazel e a missionária leiga Jean Donovan. As quatro foram martirizadas em El Salvador como consequência de seu compromisso decidido com os mais pobres; as quatro pagaram seu seguimento pessoal de Cristo com o preço de suas vidas. Foram mulheres como estas as que encarnaram o espírito do Concílio Vaticano II.
3) Penso também em alguém incrível, como Dorothy Stang, que há somente uns anos foi martirizada no Brasil quando lutava pelos pobres sem terra. A Irmã Dorothy foi assassinada enquanto recitava as bem-aventuranças. Uma mulher inigualável, missionária das Irmãs de Notre Dame de Namur, cujo testemunho serviu de inspiração a tanta gente.
4) E, talvez também conheçam a Irmã Helen Prejean, autora do livro Dead men walking [traduzido para o espanhol como Pena de morte, levado ao cinema e protagonizado pela atriz Susan Sarandon] e da qual poderíamos dizer que fez mais do que ninguém no mundo no que refere à conscientização sobre a pena de morte e o rechaço que, como católicos, devemos manifestar por esse procedimento desumano.
5) E, penso em gente como Elizabeth Johnson, irmã da Congregação de São José, professora [de Teologia] na Universidade de Fordham, em Nova York, e cujos livros sobre Jesus, sobre Maria e sobre Deus, escritos com precioso estilo literário, tem ajudado a muita gente a aproximar-se a Deus.
6) E pensemos também nas cinco irmãs Adoradoras do Sangue de Cristo, martirizadas na Liberia, em 1992, por seu compromisso com os pobres. Não esquecemos a Agnes MuellerBarbara Ann MuttraShirley KolmerKathleen McGuire e Joel Kolmer.
7) Recordamos também a Mary Daniel Turner, a anterior superiora geral das Irmãs de Notre Dame de Namur e diretora da LCWR, coautora do livro The Transformation of American Catholic Sisters, grande promotora da justiça e da renovação na Igreja antes e depois do Concílio Vaticano II.
8) Penso também nas mulheres que trabalham no campo da espiritualidade, gente como a irmã priora beneditina, Joan Chittister, ou na irmã Joyce Rupp, cujos escritos teológicos tem permitido a tanta gente aproximar-se do Senhor.
Porém, penso também em outras religiosas cujos nomes talvez não sejam tão conhecidos, irmãs que dirigem colégios e universidades, são professoras em escolas ou institutos, trabalhadoras sociais, responsáveis de pastoral, enfermeiras, médicas... Mulheres que têm sabido aplicar suas mais diversas capacidades na Igreja. São estas as religiosas que, juntas, sustentam a Igreja Católica na América, a partir de seus votos de pobreza, castidade e obediência e que põem a serviço da comunidade todo o dinheiro que possam ganhar com seu trabalho. Mulheres que agora estão se aproximando do fim de sua vida ativa.
Por último, gostaria de compartilhar também um comentário no terreno pessoal: algumas irmãs que conheci e que marcaram a minha vida, sem dúvida, como irmã Louise French B.V.M., de Dubunque [Iowa], professora de várias gerações de jesuítas na Universidade Loyola, em Chicago e a quem seus alunos adoravam. E deixem-me falar-lhes também de outra amiga minha, Janice Farnham, uma religiosa de Jesus e Maria, que foi minha professora durante minha formação teológica e que quis aproximar-se para visitar meu pai, já em estado terminal de sua enfermidade, apesar de que, para isso, tivesse que viajar por quatro horas em trem, estar junto a ele durante uma hora no hospital e regressar no dia seguinte. Quando lhe agradeci; ela retribuiu o agradecimento por considerar uma honra ter podido acompanhar ao meu pai.
Tive algumas religiosas como diretoras espirituais. E até houve uma que, em meio a uma forte crise espiritual, soube orientar-me de maneira muito estimulante e iluminadora. Agradeci expressamente e ela me disse que o mérito não era seu, que havia sido simplesmente a mão de Deus. Ao longo de minha vida como jesuíta, encontrei a muitas religiosas e as admiro como verdadeiras heroínas.
Qualquer que seja nossa opinião sobre o documento do Vaticano, está claro que entristeceu e desmoralizou a muitas mulheres religiosas católicas que entregaram generosamente suas vidas à Igreja. Por isso, creio que é um bom momento para que todos lhes digamos "obrigado”. Obrigado a todas essas magníficas mulheres religiosas que chegaram a ser partes tão importantes em nossas vidas, que nos conduziram a Cristo por uma variedade tão grande de caminhos; até pelo caminho do martírio; porém, também por esse outro martírio do cotidiano, que é simplesmente viver como religiosas católicas, com as exigências da pobreza, da castidade e da obediência. Gostaria de agradecer-lhes pessoalmente por tudo isso e seria maravilhoso se vocês agradecessem a algumas de suas religiosas favoritas. Porque eu creio que sempre é momento para a gratidão; e, especialmente, nesses tempos, gostaria de dizer às religiosas católicas dos Estados Unidos: Obrigado Irmãs!
[Traduzido do inglês para o espanhol por Juan V. Fernández de la Gala. O texto que está entre colchetes são notas agregadas pelo tradutor espanhol
Publicado em espanhol por Eclesalia Informativo.
Para mais informaçãohttp://www.americamagazine.org/].

A RELEVÂNCIA OU NÃO DO NOSSO CRISTIANISMO E DA NOSSA FÉ



Há umas perguntas que não querem calar, tais como: para o que serve a religião, para o que serva a fé, para o que serve o cristianismo?
Claro que não é possível tratar desta questão tão abrangente neste curto espaço, porém desejo abordar, ao menos, um aspecto de uma possível resposta a estas perguntas.
Não adiante tentarmos procurar respostas nas estrelas ou em outras atmosferas longe da gente. Há uma resposta nos dada e bem clara que vem da parte de Jesus, quando Ele diz, no Evangelho de Mateus: “Vocês são o sal da terra. Vocês são a luz do mundo!” (Mt. 5, 13.14).
O que significa isso? Qual era o intuito de Jesus ao dizer isso?
Por certo não se trata apenas de um desejo dele, ou de uma constatação ou de uma simples afirmação. Trata-se, sim, de uma missão, de uma tarefa. Trata-se, mais ainda, de um dever, de um imperativo. Quando Jesus diz “Vocês são sal e luz”, Ele diz o seguinte: “Ou vocês fazem a diferença ou não servem para nada!” Não é que o sal faz a diferença na comida? Não é que a luz faz a diferença na escuridão? Então, os que se dizem ser seguidores de Jesus, os que se dizem ser cristãos, têm por obrigação fazer a diferença em todos os aspectos da vida da sociedade. Porque religião, fé e cristianismo não são coisas que servem para existirem dentro das igrejas, mas existem exatamente e exclusivamente para, entre outros ambientes, a partir das igrejas, fazerem a diferença na sociedade.
Religião, fé, cristianismo e igrejas devem ter uma consciência profunda de sua tarefa dentro da sociedade. Não podem ficar olhando seu próprio umbigo, não tem valor em si mesmos e nem para si mesmos. Só valem se penetram na sociedade que nem o sal na comida e a luz no escuro.
Neste sábado, durante o III Colóquio Teológico, vamos refletir sobre a seguinte pergunta: “As Igrejas promovem a emancipação humana?” Ou seja, será que a partir das igrejas, a partir da fé, da religião, do cristianismo o ser humano cresce em todos os aspectos de sua vida? Será que a partir das igrejas e da fé das pessoas, que delas fazem parte, nascem pessoas que influenciam de fato a política, a economia, a vida social, jogam luzes sobre os problemas que a humanidade enfrenta? As Igrejas já suscitaram pessoas como Dom Helder Camara no meio de nós, Martin Luther King nos Estados Unidos, e aqui no Brasil a doutora Zilda Arns, que deu vida a tantas crianças através das ações da Pastoral da Criança, como também a teóloga feminista Ivone Gebara que pensa Deus, fé, religião e toda a vida a partir da mulher, e ainda a irmã Dorothy que deu a sua vida em favor de um projeto de sustentabilidade do uso do solo amazônico.
A fé em sua diversidade já nos deu homens como Gandhi na Índia, Dom Oscar Romero em San Salvador e Nelson Mandela na África.
Mas podemos e devemos nos perguntar: e hoje? Será que hoje a fé cutuca também a sociedade, será que hoje as igrejas também dão um gosto diferente à sociedade? Será que o cristianismo, hoje em dia, faz penetrar o Evangelho de Jesus na sociedade, na vida de cada dia das pessoas? Jesus diz: “Se o sal perde o gosto, com que poderemos salgá-lo? Não serve mais para nada; serve só para ser jogado fora e ser pisado pelos homens.” (Mt 5, 13). Ou seja: se a fé, o cristianismo, a religião, as igrejas não mexem com a mentalidade das pessoas, com as ações cotidianas, com o destino da nossa sociedade, então porque ter fé, ter religião, para o que ser cristão ou cristã, para o que servem as igrejas? Só para colocar a luz desta fé e deste cristianismo debaixo de belos encontros “entre nós”, debaixo das palmas avermelhadas de tanto bater, debaixo dos altares?
Em mais uma iniciativa do Movimento por uma Formação Cristã Libertadora vamos refletir sobre estas e outras questões. O encontro, com entrada franca, realizar-se-á neste sábado, a partir das 08:00 horas, com término previsto para meio dia no salão paroquial da Igreja do Otávio Bonfim no começo da Bezerra de Menezes!
Sintam-se convidados e convidadas para refletirmos em comunidade!

Fortaleza, 22-05-2012,
Geraldo Frencken

domingo, 20 de maio de 2012

JESUS LIBERTANDO VOCÊ DAS IGREJAS.




Quando você se sentir oprimido por causa do peso da estrutura religiosa à qual você pertence, quando se sentir culpado, de tal maneira que o ar fique pesado para entrar e sair dos seus pulmões e o peso da culpa que fizeram recair sobre você ficar insuportável, quando você não conseguir cumprir com todas as obrigações impostas, quando a igreja for muito grande e você se sentir muito pequeno, lembre-se de algumas verdades:
Jesus não veio condenar ninguém, Jesus não fundou nenhuma religião, Jesus não pediu que lhe construíssem nenhum templo, não escolheu nenhuma cidade nem lugar como sagrado, não discriminou ninguém, não aceitou oferendas nem as pediu.
Lembre-se sempre do que Ele ensinou, dentre muitas coisas: o verdadeiro lugar de adoração é o seu coração, o verdadeiro culto agradável ao Pai é atender ao necessitado, o Templo que Ele construiu foi seu próprio corpo ressuscitado, todos são filhos de Deus, sem exceção; nunca chame ninguém de mestre, pois só um é o Mestre, não chame ninguém de senhor, pois o próprio Deus é chamado de papai.
Os homens e as mulheres constroem seus sistemas religiosos institucionais de tal maneira que você pensa que é a vontade de Deus e, assim pensando, você é oprimido muitas vezes por esse sistema e ainda assim é você quem o sustenta tanto psicológica, espiritual e financeiramente. O sistema é construído à imagem e semelhança dos que governam esse mundo, mas no modelo que Jesus nos ensinou é o inverso que deve acontecer, quem é o maior, que seja o menor, quem quer ser servido que sirva, os últimos serão os primeiros, os mansos e humildes herdarão a Terra, os famintos serão saciados e os ricos despedidos de mãos vazias.
Liberte-se, pois só assim poderá acompanhar Jesus lado a lado e sentir a verdadeira grandeza de um Deus que caminha na poeira dos pés dos deserdados, que se admira com a veste dos lírios do campo e se alegra com o partir do pão. Uma grandeza resplandecente na humildade.
Transforme a instituição que você frequenta em comunidade fraterna de vivência de fé. Nunca tema autoridade nenhuma, pois os filhos são herdeiros e uma vez incorporados na partilha do pão, já são uma só carne e um só sangue.
Lembre-se que quanto mais você se tornar obediente aos ditames do mundo, quanto mais complacente com as injustiças do mundo, quanto mais enquadrado na imutável hierarquia dos sistemas, mais preso estará e assim, mais distante de Jesus, do caminhar livre.
As igrejas tentam aprisionar Jesus e assim aprisionam você. Libertar Jesus das igrejas, na verdade é libertar você das igrejas.
Quando você conseguir caminhar livre, e só assim, você poderá libertar sua igreja.
A igreja liberta será então a morada da comunidade verdadeira, sem amarras, sem ritos rotos, sem interditos, sem pecados nem mesuras devidas a ninguém; então a sua opressão não mais existirá, então o ar poderá assear livremente nos seus pulmões e na natureza exterior, e você se sentirá leve, tão leve, que pousará suave aos pés dos pés do necessitado, ali, onde caminha nosso irmão, Jesus.
(artigo publicado no Jornal do Comércio, Pernambuco, dia 20 de maio de 2012

Assuero Gomes
 assuerogomes@terra.com.br
Cristão católico leigo da Arquidiocese
de Olinda e Recife







quarta-feira, 16 de maio de 2012

As estranhas reflexões do Pe. Paulo Ricardo de Azevedo Júnior



           O presente texto quer responder a uma série de questões que algumas pessoas me enviaram por e-mail, pedindo-me um parecer sobre as reflexões do Pe. Paulo Ricardo Azevedo Júnior, que estão circulando pela Internet, através de textos e vídeos. Antes de tecermos algumas considerações a respeito do mesmo, é preciso apresentá-lo, brevemente: pertence ao clero da Arquidiocese de Cuiabá (Mato Grosso); ordenado padre em 1992; bacharel em Teologia e mestre em direito canônico; foi, durante 15 anos, reitor do Seminário Arquidiocesano de Cuiabá; desde 2002, membro do Conselho Internacional de Catequese, da Congregação para o clero; autor de livros e apresentador de um programa na TV Canção Nova.

            Expressões pesadas, oriundas de um espírito ultraconservador e fundamentado numa espiritualidade “a partir das alturas”, causaram um desconforto na Arquidiocese de Cuiabá e levaram 27 pessoas, padres e religiosos da mesma Igreja particular, a escreverem uma Carta Aberta à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e ao Arcebispo de Cuiabá, Dom Milton Antônio dos Santos, SDB. Tal Carta foi publicada no dia 27 de fevereiro de 2012. A partir dela se iniciou uma verdadeira campanha em defesa do Pe. Paulo Ricardo, campanha iniciada por aqueles que se consideram seus “filhos e filhas espirituais”.

            Eis um trecho da Carta Aberta: “Diante de um homem amargurado, fatigado, raivoso, compulsivo, profundamente infeliz e transtornado toma-nos, como cristãos e como sacerdotes, um profundo sentimento de compaixão e misericórdia. Diante de suas reiteradas investidas contra o Concílio vaticano II, contra a CNBB e, sobretudo, contra seus irmãos no sacerdócio invade-nos um profundo sentimento de constrangimento e dor pelas ofensas, calúnias, injúrias, difamação de caráter e conseqüentes danos morais que ele desfere publicamente e através dos diversos meios de comunicação contra nós, sacerdotes e bispos empenhados plenamente na construção do Reino de Deus” (para ler toda a Carta basta solicitá-la ao Google!).

            Ao acessar os textos e as palestras em vídeo do Pe. Paulo Ricardo, o leitor atento e dotado de bom senso certamente concordará com o que disseram os padres e os religiosos na citada Carta. Para emitir um parecer a respeito do citado sacerdote resolvi, então, ler alguns de seus textos e assistir a algumas de suas palestras. Confesso que fiquei preocupado. A partir do que li, vi e ouvi, e tendo em vista a Carta Aberta acima mencionada, vou responder aos questionamentos levantados pelos que me escreveram apresentando algumas considerações.

            1 – A eclesiologia pré-Vaticano II. A concepção de Igreja antes do Concílio Vaticano II era a de “sociedade perfeita no meio do mundo”. Entendia-se que a Igreja era a hierarquia: padre, bispo e papa. O povo assistia, passivamente: não lhe era concedida a participação. Na paróquia, o padre ocupava o centro de tudo: tudo sabia e decidia e ai de quem o desobedecesse ou o questionasse. O Pe. Paulo Ricardo tem em mente este modelo de Igreja e o defende. Em muitos lugares ainda encontramos resquícios deste modelo de Igreja: ultrapassado e que não corresponde ao mundo atual. Os católicos de hoje não aceitam mais tal estilo eclesial, pois reivindicam uma Igreja mais aberta, humana, acolhedora, na qual haja mais comunhão e participação (eclesiologia promovida pelo Vaticano II).

            2 – Moralismo e pietismo. Na Igreja, a moral tridentina, portanto, pré-Vaticano II, era essencialmente jansenista. Esta moral pregava uma visão pessimista do corpo humano e defendia excessivamente a concupiscência da carne (inclinação ao pecado). Neste sentido, quase tudo era pecado na vida cristã. A via única para se libertar do pecado consistia em buscar os sacramentos da Penitência (confissão) e Eucaristia. Em torno destes sacramentos, da devoção aos santos e à Virgem Maria criou-se um pietismo que até hoje afeta a Igreja. Oração, missa e sacramentos: eis o caminho da santidade. O Pe. Paulo Ricardo defende esse moralismo e pietismo e por causa destes incorre no pecado da “demonização” do mundo e do cristão não-católico.

            3 – O sacerdote: ministro sagrado, um ser fora do mundo. Antes do Vaticano II, o padre era o homem da sacristia, da batina preta, da oração cotidiana do breviário, que levava uma vida muito diferente da dos demais homens: um ser sagrado e intocável, representante de Cristo na e para a comunidade. Este padre não se importava com questões sociais e políticas, porque tais questões também não interessavam à Igreja. Todo padre tinha o compromisso de trabalhar pela salvação das almas do rebanho que lhe foi confiado. Por isso, mesmo sem ser entendido, era venerado e admirado por todos. Não era permitida nenhuma crítica ao Bispo, muito menos ao Papa. Este último era considerado o representante de Cristo na terra, questioná-lo era como que uma blasfêmia. Ao acusar os padres de comunistas e desordeiros, o que o Pe. Paulo Ricardo realmente deseja é que todos os padres voltem a ser o ministro sagrado, um ser fora do mundo.

            4 – A doutrina da Igreja e o Evangelho. A Igreja é essencialmente missionária e sua missão é anunciar a Boa Nova ao mundo: eis sua missão fundamental. O Pe. Paulo Ricardo estudou isto na Teologia, mas crê em outra coisa. Para ele, o mais importante não é o Evangelho, mas a doutrina da Igreja. Segundo ele, todo sacerdote é guardião e propagador da doutrina da Igreja, porque fora desta não existe salvação. Nesta concepção, Jesus veio ao mundo não para inaugurar o Reino de Deus, como está descrito nos evangelhos, mas para fundar a Igreja Católica e conceber as bases de sua doutrina. A pregação e os escritos do Pe. Paulo Ricardo deixam transparecer claramente esta idéia, que se encerra na seguinte sentença: Jesus salva a partir da observância da doutrina da Igreja, porque esta lhe é fiel em tudo.

            5 – A intolerância religiosa e o preconceito. Pautar o ministério presbiteral na Igreja segundo o que acusamos nos quatro tópicos anteriores remete-nos ao preconceito e à intolerância religiosa. Fora do diálogo, do respeito à diversidade e ao pluralismo religioso e cultural, da compreensão, do bom senso e da caridade não há autêntico anúncio do Evangelho. São justamente estas coisas que faltam na prática ministerial do Pe. Paulo Ricardo, que, explicitamente, semeia e alimenta o preconceito, a intolerância religiosa e o ódio entre as pessoas que não simpatizam com seu estilo intragável, clericalista e anti-eclesial.

            De fato, os Bispos, primeiros responsáveis pela unidade da Igreja, devem estar mais atentos a estes excessos. Estes causam dispersão, divisão e confusão. O anúncio do Evangelho deve congregar as pessoas em torno da verdade do Evangelho de Jesus e não o contrário, como facilmente se percebe nas estranhas reflexões do Pe. Paulo Ricardo. Este parece que se esqueceu de que o amor é o mandamento fundamental que traduz plenamente a mensagem de Jesus. O amor não exige a observância irrestrita da lei, ele não está em função da obediência à lei, mas da liberdade dos filhos e filhas de Deus.

            Concluo esta reflexão citando a compreensão paulina do Evangelho. Para o apóstolo Paulo, o anúncio do Evangelho tem por objetivo libertar as pessoas de toda espécie de escravidão e uma das piores formas de escravidão é a religiosa. A meu ver, o Pe. Paulo Ricardo reforça tal escravidão, pois desconsidera que “é para a liberdade que Cristo nos libertou. Permanecei firmes, portanto, e não vos deixeis prender de novo ao jugo da escravidão” (Gl 5, 1).


Tiago de França

domingo, 13 de maio de 2012

MARIAMA

Para nossa reflexão neste dia (comercial) das Mães

A voz profética de Dom Hélder Câmara, na famosa Invocação à Mariama  declamada no histórico álbum "Missa dos Quilombos", lançado em 1982.

MARIAMA
 "Mariama, Nossa Senhora, mãe de Cristo e Mãe dos homens!
Mariama, Mãe dos homens de todas as raças, de todas as cores, de todos os cantos da Terra.
Pede ao teu filho que esta festa não termine aqui, a marcha final vai ser linda de viver.
Mas é importante, Mariama, que a Igreja de teu Filho não fique em palavra, não fique em aplauso.
Não basta pedir perdão pelos erros de ontem.
É preciso acertar o passo de hoje sem ligar ao que disserem.
Claro que dirão, Mariama, que é política, que é subversão.

 É Evangelho de Cristo, Mariama.
Claro que seremos intolerados. Mariama, Mãe querida, problema de negro acaba se ligando com todos os grande problemas humanos.
Com todos os absurdos contra a humanidade, com todas as injustiças e opressões.
Mariama, que se acabe, mas se acabe mesmo a maldita fabricação de armas.

 O mundo precisa fabricar é Paz.
Basta de injustiça!
Basta de uns sem saber o que fazer com tanta terra e milhões sem um palmo de terra onde morar.
Basta de alguns tendo que vomitar para comer mais e 50 milhões morrendo de fome num só ano.
Basta de uns com empresas se derramando pelo mundo todo e milhões sem um canto onde ganhar o pão de cada dia.
Mariama, Senhora Nossa, Mãe querida, nem precisa ir tão longe, como no teu hino.

 Nem precisa que os ricos saiam de mãos vazias e o pobres de mãos cheias. 
Nem pobre nem rico.
Nada de escravo de hoje ser senhor de escravo de amanhã. Basta de escravos.

 Um mundo sem senhor e sem escravos.
 Um mundo de irmãos.
De irmãos não só de nome e de mentira.
 De irmãos de verdade, Mariama".




( postado por stella maris)

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Lançamento do livro sobre a Tradição Religiosa Popular de Juazeiro

O assunto é sem dúvida relevante para a melhor compreensão da religiosidade popular, da atuação pastoral nesse meio e para debater sobre a maneira adequada de abordar o fenômeno religioso.

Organizador do Livro. Prof. Lucho Bedoya.
Data : 24 de maio  às 18h.30min.
Local: Centro Pastoral
End: Rua Rodrigues Junior 300, centro.


quarta-feira, 9 de maio de 2012

3º COLÓQUIO TEOLÓGICO




As Igrejas promovem
a emancipação humana? 


PALESTRANTES:

* ISABEL FELIX

Doutora em Ciência da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo



* JUSTINO MARTINEZ PÉREZ

Missionário Comboniano, doutorando em Bíblia na Faculdade de Teologia de
Catalunha e Assessor da Animação Bíblica da Pastoral no Nordeste e do Cebi.



LOCAL: SALÃO PAROQUIAL DA MATRIZ DE NOSSA
SENHORA DAS DORES (OTÁVIO BONFIM)
AV. BEZERRA DE MENEZES
DATA: 26 DE MAIO (SÁBADO)
HORA: 8h30 ÀS 11h30
INFORMAÇÕES: 9989-5334- Antonieta
                            8883-4610 Terezinha


segunda-feira, 7 de maio de 2012

O que é islam ? ( CURSO )







Introdução à religião que mais cresce no mundo


com
C a r l o T u r s i


Ementa:

Vida de Muhammad, o Profeta – Conteúdo e caráter do Corão – Vicissitudes do Califado – Os 5 pilares do Islam e o ‘jihad’ – Viver segundo a ‘shari’ah’: só em um regime teocrático? – O grande cisma: xiitas e sunitas – mística islâmica – o impacto da Modernidade nas sociedades islâmicas – origens do fundamentalismo islamista – a situação no Oriente Médio após a queda do Império Otomano – prospectiva: choque das civilizações? – Diálogo Interreligioso e Ethos Mundial


às sextas-feiras de agosto à novembro, 9:00 – 11:00 h

na sala 10 do VIVA - Faculdade 7 de Setembro

Inscrições e informações: 4006-7657

1ª aula: 10 de agosto

C u r s o l i v r e c o m C a r l o T u r s i

KIERKEGAARD

E A INTERPRETAÇÃO EXISTENCIAL DO CRISTIANISMO



( a interpretação cristã da existência )


Ementa:

Søren A. Kierkegaard (1813-1855), pensador dinamarquês, é tido como o “pai” da filosofia existencialista. Suas obras mais célebres, como O Conceito de Angústia, Temor e Tremor e O Desespero Humano – Doença para a Morte, influenciariam Sartre, Camus e Jaspers. O curso introduz ao diagnóstico kierkegaardiano da condição humana, bem como à maneira original como este grande subjetivista reinterpreta conceitos cristãos tão básicos como pecado original e Fé. Somente para concidadãos sem medo de descer às profundezas da individualidade.

às terças-feiras, de agosto a novembro, 19:30 a 21:30 h

na Sala 10 da Faculdade 7 de Setembro – V I V A

I n f o r m a ç õ e s e i n s c r i ç õ e s : 4 0 0 6 – 7 6 5 7

1ª aula: 14 de agosto

quarta-feira, 2 de maio de 2012

C U R S O L I V R E



VONTADE DE SENTIDO

Introdução ao pensamento de
Viktor E. Frankl 



Λ ό γ ο ϛ


com : C a r l o T u r s i


Ementa:

O curso introduz à obra de Viktor Emil Frankl (1905-1997), tido como fundador da “terceira escola vienense de psicoterapia”. Ao lado (no lugar?) da vontade de poder, postulada por Nietzsche e trabalhada em variante comunitária por Alfred Adler, Frankl colocou a irrenunciável vontade de sentido do ser humano que precisaria ser levada em conta pelo psicoterapeuta. Diagnosticou a falta de sentido como a grande causa de desequilíbrios mentais da nossa época, desenvolveu a Logoterapia e defendeu a inclusão de questões éticas no tratamento terapêutico. Obras trabalhadas durante o curso são: A Vontade de Sentido, Em Busca de Sentido, A Presença Ignorada de Deus.

Quartas-feiras, 15:00 a 17:00 h, agosto a novembro
Universidade Gerações – VIVA (Faculdade 7 de Setembro)
Inscrições: 4006-7657 ( 1ªAula: 22 de agosto )

CEBs realizam “Domingo da Fraternidade” na Barra do Ceará



Uma manhã de domingo cheia de graça e calor aconteceu no dia 29 de abril na comunidade São José, na Área Pastoral da Barra do Ceará. Era o encontro entre a Coordenação Arquidiocesana de CEBs, em visita missionária, e irmãos e irmãs da caminhada das comunidades de base e das pastorais sociais daquela região.
Objetivos do encontro eram fortalecer a união entre as comunidades, integrar antigas lideranças com os jovens que agora estão descobrindo as CEBs, estreitar os laços entre coordenação arquidiocesana e as bases das CEBs, experimentar a alegria de juntos estarmos lutando o bom combate. Tema da reflexão, feita em mutirão, foi: Como salvaguardar a nossa identidade eclesial particular de CEBs (carisma profético, opção preferencial pelos pobres e desvalidos que leva à priorização das pastorais sociais, leitura libertadora, não-fundamentalista e não-moralista da Bíblia) no atual clima restaurador e devocionalista da Igreja Católica? A troca de idéias foi bastante proveitosa e fortaleceu a vontade de tod@s de ocupar mais espaço na “cena eclesial”, defendendo “o nosso jeito de ser igreja, sempre”. A oração inicial girou em torno do exemplo do samaritano que, embora heterodoxo, teve mais amor ao próximo do que sacerdote e levita, ou seja, aos olhos de Deus mais vale ortopráxis do que (pretensa) ortodoxia.
A comunhão animada no café da manhã e, no final, durante o grande almoço comunitário foi espetacular. O nosso “muito obrigado” aos irmãos e irmãs da Área Pastoral da Barra por nos proporcionarem tamanha felicidade! “Minha gente, venha ver a nossa felicidade! Como é bonito e gostoso viver em comunidade!” (Edilson Barros).

Serviço: Carlo Tursi